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O CIPsi nos media: Projeto ´Write n´ Let Go 2.0" espera chegar e ajudar mais de 300 jovens universitários

A escrita como forma de reflexão sobre os problemas que causam sofrimento psicológico aos estudantes universitários. Este é o ponto de partida da segunda edição do projeto “Write n´ Let Go”.

Texto: jornalista Vanessa Batista

A escrita como forma de reflexão sobre os problemas que causam sofrimento psicológico aos estudantes universitários. Este é o ponto de partida da segunda edição do projeto “Write n´ Let Go”.

Durante todo o ano, a equipa composta por João Batista e Janine Martinai, terá as candidaturas abertas no site oficial do projeto para estudantes de todo o país que queiram, através de um programa totalmente online, trabalhar questões que lhes causam sofrimento.

Estudos recentes demonstram que 77% dos estudantes lidam sozinhos com o sofrimento psicológico e mais de metade conhece colegas ou amigos a quem foi diagnosticado alguma forma de doença mental durante o período da universidade.

Em entrevista ao UMinho I&D, o investigador do Laboratório de Psicoterapia e Psicopatologia do Centro de Investigação em Psicologia explica que, ao longo da edição piloto, contactaram com problemas vários como de "ansiedade, adaptação, solidão, lutos, bullying e questões relacionadas com a exigência académica". 

"Uma das vantagens desta nossa intervenção, é realmente proporcionar um espaço de reflexão que a pessoa, apesar de estar a escrever de acordo com as nossas instruções, está a fazê-lo num espaço pessoal. Acho que pode ser também uma forma de introduzir, precisamente, um tempo para parar e pensar, por exemplo, sobre que recursos é que eu tenho para lidar com isto, visto que o que eu tenho estado a fazer não está a resultar", diz.

De acordo com a doutoranda de Psicologia Aplicada da Escola de Psicologia, Janine Marinai, foram necessárias apenas duas sessões do total de quatro tarefas propostas, para notar melhorias, nomeadamente, ao nível da ambivalência na primeira edição do ´Write n´ Let Go`.
 

"Apesar de não termos chegado diretamente a resultados em depressão e ansiedade, conseguimos perceber que a pessoa, ao fazer as tarefas deixou de ruminar, ou seja, deixou de pensar incessantemente sobre um problema de uma forma improdutiva", sublinha.

A ambivalência está relacionada com níveis de indecisão, a título de exemplo, querer ser mais saudável, contudo encontrar mais desculpas que levam ao caminho oposto.

De realçar que Portugal gasta cerca de 6,6 mil milhões de euros por ano com doença mental, o que corresponde a 3,7% do PIB. João Batista acredita que soluções como o ´Write and Let Go` podem fazer a diferença na prevenção que continua a ser descurada o nosso país.

"Durante muito tempo, a psicoterapia tinha um estigma e ainda existe algum em relação a pessoas que têm uma perturbação psicológica. Esta é realmente uma batalha que temos em mãos. Tentar ajudar as pessoas antes de elas chegarem a um nível de sofrimento que, não só já não conseguem resolvê-lo sozinhas, como pode levar a situações de abstinência no trabalho. Não estou a dizer que este nosso programa, tal como outros são milagrosos, mas pode ajudar a prevenir", realça.

Através de questionários a equipa faz uma primeira avaliação que irá determinar se alguns casos, mais graves, devem ser direcionados, visto que o ´Write and Let Go` é uma ferramenta pensada para estudantes com nível de sofrimento baixo a moderado.

As candidaturas para o projeto ´Write and Let Go 2.0` estão abertas. Os investigadores pretendem chegar a um universo de 300 estudantes universitários, atualmente são mais de 130 os inscritos.