Processos interacionais abusivos em casais jovens: uma perspetiva diádica da violência entre parceiros íntimos

Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
A presente dissertação constituí uma análise qualitativa dos processos interacionais abusivos em casais jovens. Os dados foram recolhidos através de entrevistas semiestruturadas realizadas juntos de 5 casais heterossexuais, com idades compreendidas entre os 22 e os 26 anos (n=10). A violência nas relações de intimidade foi percebida como um fenómeno de origem multifatorial prevalente entre os jovens, com especial destaque para violência psicológica. Transversal às diferentes orientações sexuais e independente do género, a violência em contexto de intimidade acarreta inúmeros danos para as vítimas, sobretudo do ponto de vista psicológico e da saúde mental. A dependência emocional, a crença na mudança e as dinâmicas inerentes ao ciclo da violência destacaram-se como os fatores que mais contribuem para a manutenção da relação abusiva. Concomitantemente, a vergonha, os sentimentos ambivalentes, a ausência de uma rede de suporte e a possibilidade da violência escalar foram identificados como os fatores que mais inibem a revelação dos abusos. Os resultados deste estudo espelham a perspetiva de casais jovens acerca de comportamentos abusivos, de fatores que podem influenciar a (não) revelação dos episódios de violência e ainda de causas inerentes às dinâmicas abusivas.
This dissertation constitutes a qualitative analysis of abusive interaction processes in young couples. Data were collected through semi-structured interviews conducted with 5 heterosexual couples, aged between 22 and 26 years (n=10). Intimate partner violence was perceived as a multifactorial phenomenon prevalent among young people, with a particular emphasis on psychological violence. Across different sexual orientations and regardless of gender, violence in the context of intimacy entails numerous harms for victims, especially from a psychological and mental health perspective. Emotional dependence, belief in change, and the dynamics inherent in the cycle of violence stood out as the factors that most contribute to the maintenance of the abusive relationship. Simultaneously, shame, ambivalent feelings, the absence of a support network, and the possibility of violence escalating were identified as the factors that most inhibit the disclosure of abuses. The results reflect the perspective of young couples regarding abusive behaviors, factors that may influence the (non) disclosure of episodes of violence, and underlying causes related to abusive dynamics.