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The Brain, the Bug, and the Binge: The interplay between binge drinking, gut microbiota and brain functioning (PTDC/PSI-ESP/1243/2021)

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A adolescência e o início da idade adulta são períodos de vulnerabilidade e oportunidade em que perturbações psiquiátricas tais como a ansiedade, a depressão ou o abuso de substâncias se manifestam pela 1ª vez. Adicionalmente, há mudanças maturacionais significativas a ocorrer durante estes períodos cruciais do desenvolvimento que se estendem até aos 24 anos de idade. A neuro-maturação em curso parece implicar uma maior vulnerabilidade do cérebro –em comparação com a idade adulta- a eventos disruptivos como o binge drinking (BD). De facto, este padrão de consumo de álcool –caraterizado por intoxicações repetidas- exige especial atenção por estar associado a anomalias estruturais e funcionais em regiões cerebrais em desenvolvimento (e.g., córtex pré-frontal) e défices neuropsicológicos/neurofuncionais nas funções executivas (e.g., controlo inibitório [IC]) juntamente com um alto risco de desenvolvimento de adição ao álcool.

Estamos a começar a compreender que influências externas, como o álcool, têm impacto não apenas sobre o cérebro e outros órgãos, como também sobre a microbiota (o conjunto de triliões de microrganismos que habitam o corpo humano), especialmente as bactérias que residem no intestino (i.e., a microbiota intestinal). Na última década, tem sido reafirmada a ideia de um eixo microbiota-intestino-cérebro de comunicação bidirecional através de vias neurais, imunológicas e endócrinas. Alterações na microbiota associadas à patofisiologia de perturbações do humor, respostas de stress, e mais recentemente, o abuso do álcool, são cada vez mais reconhecidas e tidas como um novo paradigma na neurociência.

Em conformidade, estudos pré-clínicos demonstraram que o abuso do álcool altera a microbiota, e que estas alterações estão associadas a mudanças no cérebro e no comportamento, incluindo o aumento do craving, impulsividade e procura compulsiva por álcool –sugerindo um potencial papel da microbiota na perda de controlo sobre o consumo. Estudos recentes reportaram que alterações na microbiota induzidas pelo álcool podem estimular a libertação de citocinas pró-inflamatórias, que em última instância podem chegar ao cérebro e modificar o seu funcionamento regular. Similarmente, evidência crescente sugere que o BD causa aumento das citocinas periféricas, o que parece promover a neuroinflamação e contribuir para défices neurocognitivos. Apesar desta cascata inflamatória ser compatível com alterações no sistema intestino-cérebro, nenhum estudo procurou investigar os efeitos do BD no eixo microbiota-intestino-cérebro.

Adicionalmente, investigação recente revelou que intervenções com psicobióticos (suplementos dietéticos benéficos para a saúde mental) levam a reduções das citocinas pró-inflamatórias induzidas pelo álcool, assim como a melhorias nos padrões de ativação cerebral e cognição. Assim, tratar a microbiota intestinal nos adolescentes BD poderia diminuir os seus efeitos neurotóxicos, um domínio de investigação totalmente inexplorado, mas com implicações clínicas relevantes.

Neste projeto seremos pioneiros neste domínio uma vez que iremos examinar pela 1ª vez a interação entre o Cérebro, os Bichos e o Binge, e iremos para além destes três eixos, investigando o potencial terapêutico de intervenções direcionadas à microbiota nas respostas comportamentais, psicológicas, imunológicas e neurocognitivas de adolescentes e jovens BDs.

 O projeto focar-se-á 1) no craving e processos inibitórios que têm um papel essencial no ciclo da adição (Cérebro); 2) na composição e função das mais relevantes populações de bactérias (Bichos); e 3) em como estes fatores estão relacionados com o consumo de álcool (Binge). Estas variáveis serão reavaliadas após o protocolo de intervenção – um design aleatório e controlado por placebo – que determinará como é que a administração de psicobióticos direcionados à microbiota está capaz de reestabelecer o funcionamento intestinal, atenuar a inflamação e reduzir alterações neurocognitivas resultantes de episódios de BD repetidos (o que constituirá uma forma totalmente nova de tratamento dos danos relacionados com o álcool).

 

Grupo de Investigação:
Data de Início:
Data de Fim:
Investigador Responsável