Crenças erróneas em psicologia: influência da formação académica e associação com traços da personalidade e psicopatologia
Lima, Rita Esquível Costa Coelho Lima
Diversos
As crenças erróneas em Psicologia permanecem amplamente difundidas, entre estudantes
universitários, podendo comprometer a compreensão de conceitos científicos e ter um impacto negativo
na vida das pessoas ou dos outros. Este estudo teve como objetivo analisar a prevalência das crenças
erróneas em estudantes universitários portugueses, comparando estudantes de Psicologia com
estudantes de outros cursos, e explorar a sua relação com sintomas psicopatológicos e traços de
personalidade. Participaram 502 estudantes que completaram um questionário de crenças erróneas
(Gardner & Brown, 2013), o PHQ-9, GAD-7 e NEO-FFI-20. A média de endossamento de crenças erróneas
foi de 41.62% (DP = 12.36), valor consistente com a literatura. Os estudantes de Psicologia
demonstraram menor aprovação de crenças erróneas do que os restantes participantes, embora nem
todas as dimensões revelaram diferenças significativas. Além disso, não se verificaram diferenças
consoante os anos de formação em Psicologia. Não foram observadas correlações significativas com
sintomas de depressão ou ansiedade, mas todos os traços de personalidade, exceto a Conscienciosidade,
correlacionaram-se positivamente, embora com magnitudes baixas, com o endossamento de crenças
erróneas. Os resultados apontam para a necessidade de reforçar o desenvolvimento do pensamento
crítico, de modo a capacitar os estudantes para identificar e rejeitar crenças infundadas.
Psychological misconceptions remain widespread among university students, potentially
compromising the understanding of scientific concepts and negatively impacting individuals’ lives and
those around them. This study aimed to examine the prevalence of such beliefs among Portuguese
university students, by comparing Psychology students with students from other academic fields, and to
explore their relationship with psychopathological symptoms and personality traits. A total of 502 students
participated by completing a questionnaire on psychological misconceptions (Gardner & Brown, 2013),
the PHQ-9, GAD-7, and the NEO-FFI-20. The average endorsement rate of misconceptions was 41.62%
(SD = 12.36), which aligns with findings reported in the literature. Psychology students showed lower
endorsement of misconceptions than students from other fields, although not all dimensions revealed
statistically significant differences. Additionally, no significant differences were found according to years
of Psychology education. No significant correlations were observed between misconception endorsement
and symptoms of depression or anxiety. However, all personality traits — except Conscientiousness —
showed positive, albeit low-magnitude, correlations with misconceptions endorsement. These findings
highlight the need to strengthen critical thinking development, to better equip students to recognize and
reject unfounded conceptions.